PARA OS AMANTES DA POESIA











"O poeta é um fingidor,

Finge tão completamente,

que chega a fingir que é dor,

a dor que deveras sente."


Fernando Pessoa


sexta-feira, 30 de setembro de 2011

MAR-A-AMAR

Como é bom te amar,
E te ter ao mar,
Amar, com mar, ou amar...
Mar de amor, de amar o mar!
Do mar, do amor, que ama,
Quem ama o mar, ou ama,
O amar!

Volcano



Dormias tal como Vesúvio,
Interno ao teu dilúvio - Onírico!

Sentias tal como vulcânico,
Racional como oceânico - Empírico!

Queimavas tal como plutônico,
Secreto e faraônico - Eufórico!

Explodias tal como bombástico,
Radiante ao teu orgástico - Colérico!

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

MITO

Quando se mata um mito,
Mata-se também o rito,
Ritua-se o infinito!

Quando se mata um amor,
Mata-se também o sabor,
Saboreia-se o rancor!

Quando se mata a ida,
Mata-se também a vinda,
Vindo-se além da vida!

Quando se mata a fonte,
Mata-se também a ponte,
Pontua-se o horizonte!

Quando se mata a dor,
Mata-se também a cor,
Colora-se o desamor!

Quando se mata a paz,
Mata-se também a luz,
Ilumina-se e jaz!

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

la possibilité d'une île

Poema Circular


Palavra que roda, roda
de lá pra cá,
dali pra lá...
te pega desprevenido,
quando vê já está lendo,
o poema distraído...
é uma hora sem espera,
uma espera calculada,
estás ali a procurar,
algo que seja nada.
O nada que te fala,
de tudo que conhece,
ás vezes é de amor,
e às vezes uma prece!
É muito bom que tu saibas
que ao sair daqui, apressado,
já estarás esquecendo...
estes versos poemados...
No entanto, se entrares,
aqui, comigo de novo,
lembra que fiz poema,
Para ti e para o povo!

Sandman

De te ouvir soluçante... foi!
De pesar, dor e ira...
Arfante ardia à alma, e foi!
De literata música, de lira!

Por me saber pulsante...foi!
Por mais triste o que vira...
Suplicante flagelo à dor, e foi!
De ser nada, nem fogo, nem pira!

Sem presença minha, deslizante... foi!
Sem culpa e medo, expira...
Distante morria à vida, e foi!
De perversa arma, que mira!