PARA OS AMANTES DA POESIA











"O poeta é um fingidor,

Finge tão completamente,

que chega a fingir que é dor,

a dor que deveras sente."


Fernando Pessoa


quinta-feira, 17 de março de 2011

À Hepathya




Estudos perfeitos em tempos difíceis,
Ideias ilógicas por medos e dogmas,
Santos malucos e Deuses incríveis,
Filósofos poucos, batalhas e normas.

Geométricas formas de eras passadas,
Arquivos secretos de bibliotecas perdidas,
Escritos guardados de Alexandrinas amadas,
Teorias ousadas de figuras caídas.

Sábias palavras de mulheres pensantes,
Conselhos partidos de almas simétricas,
Circulares elipses de teses errantes,
Teorias caladas por crenças herméticas.

Hepáticas múmias, as Helenas elípticas,
Mutiladas maneiras de mentes robóticas
Cristãs, judias, pagãs... vadias acríticas,
Frágeis objetos às futuras neuróticas.

Amores, amigos, ministros e Orestes,
Homens ouvintes e alunos sonhantes
Ferinos escravos e cuidados sem vestes
Feitos heróis, de Hepathya, os amantes!

Poema de Saudade

Me pediste um poema
Que falasse de saudade,
e pensei muito, de verdade!
Foi quase um dilema.

Saudade não tem sema
A não ser a tua vontade,
É o Português e uma vaidade!
A falta de qualquer tema.

Desenhada a poesia
De quem sente a tal saudade,
Minha Pupila Sofia!
Está feita a tua vontade.

quinta-feira, 10 de março de 2011

IR e VIR

Vem Abril, é o meu aniversário,
Vem você de longe pra me ver,
No aeroporto, não estarei no horário,
Mas corro e chego pra te querer.

Vem a noite, vem o nosso encontro,
A sedução, o jantar, a nossa cama,
A união de dois corpos, num confronto,
A lânguidez e a energia de quem ama.

Vem o adeus, o dia da partida,
A noite é triste e longa, sem luar,
A dor no peito, está no leito tua ida,
E novamente vais, e não sei se vai voltar.

Amores opostos

A mim, dói a alma e machuca tudo;
Você, reclama e não entende,
Me ataca, inflama e não se rende,
Depois desgasta e fica mudo!

A mim, caem todos os defeitos,
Os teus, os meus e os do além,
Você enxerga demais, vê outro alguém,
Depois retoca, uma mágica de efeitos!

A mim, contemplam todas as dores;
As tuas, as minhas e todas as que virão...
Pedras agudas, no teu corpo e no meu coração,
Depois de invisíveis, aparecem de várias cores!

Espera

Quando te vejo, não quero só um "oi",
E, não quero lembrar porque foi;
Quero a saudação autêntica,
De quem espera com saudade,
Não precisa ser a minha, ou idêntica,
Basta que seja sua, de verdade!

Quando me escreves, podes dizer "eu te amo!"
Não faz mal a você, nem a mim que te chamo:
De "meu amor", de "meu bem", "minha alegria",
Esqueça as coisas passadas, viva o agora!
Saudemo-nos com paixão e harmonia,
O sentimento que vem de dentro pra fora.

Quando lembrarmos de tudo isso, e rindo...
Num futuro, próximo e distante que está vindo,
Saberemos que foi só uma provação.
De nossas cabeças feito pedra-dura,
de tão iguais na mente e na razão,
Brindaremos juntos à paixão pura!

Onde eu... você!

Onde sou amor, você é mais!

Onde sou tua luz, você minha paz!

Onde sou frágil, você fortaleza.

Onde sou dúvida, você certeza!

Onde sou triste, você conhece.

Onde sou dia, você anoitece.

Onde sou vida, você alimento

Onde sou calor, você sentimento.

Onde sou simples, você complexo.

Onde sou lasciva, você é sexo.

Onde me encontro, você também.

Onde te encontro, você provém.

Onde há letra, você imagem.

Onde há poema, você viagem.

Onde habita em mim... o seu amor?

Onde habita em ti? Você há de compor...

Por que te amo?

Porque te amar é paz;
Porque teu amor me faz,
Ser além, do mar, do cais...
É forte, não é fugaz!

Porque te amar é ideal;
Porque teu amor me faz natural,
Ser além, do sol, do céu, divinal...
É justo, não é temporal.

Porque te amar é quente;
Porque teu amor me sente,
Ser além, do espaço, do tempo, da mente...
É simples, não é frequente!

Vitral

Sou pra ti o melhor!
Não o melhor que se possa ser,
Mas o melhor que há em ti, que vês em mim,
Com os teus espelhos d´alma!
Espelhos que outrora foram riscados, criando imagens distorcidas
Espelhos que já estiveram embaçados,
Ocultando a imagem escondida,
O sol apareceu! Iluminou teus arranhões...
Desembaçou teu vidro...
A luz que te  ilumina e que deixaste entrar reflete tuas idéias,
Daquilo que queira ver;
E lá, no outro lado do espelho, tudo pode aparecer,
Às lentes de quem captura!
O foco da beleza que já soubera, existir,
Mas que ficava presa a outras imagens.
É o teu olhar!

sexta-feira, 4 de março de 2011

Pra Você

Pra você sou êxtase e tormento,
Uma explosão a cada momento,
Vísceras, fleugma e lamento.

Pra você sou bella e inteligente,
Mas não o suficiente,
A ação que comanda a mente.

Pra você sou presença e ilusão,
De uma eterna confusão,
Que incendeia o fogo da tua paixão.

Pra você sou sem crítica,
Mas não quando era mítica,
Uma Penélope paralítica.

Pra você posso ser tantas,
De loucas, poucas e até santas,
De todas, a que mais encantas!

Leitura



Te leio em tudo que se leia;
De coisa boa e até coisa feia;
É tudo literatura, volta e meia;
A poesia de uma aranha e sua teia:
De risco, rabisco e palavra alheia;
É um manjar, uma orgia, uma ceia;
Também é labirinto e cadeia;
Do que se ama e se odeia;
Um pouco de tudo que me norteia.

Como Seria?

Como seria se pudéssemos apagar
os erros, e voltar de novo?
...seria tudo perfeito, e refeito,
como restaurar um ovo!

Como seria amar e deixar de amar,
a quem tanto amamos e nos fere?
...seria como olhar no espelho,
e não se reconhecer, na própria pele!

Como seria nascer, viver, morrer,
para então, depois renascer?
...seria como dizem muitos que não têm fé,
nunca ninguém voltou pra dizer!

Tanto Tempo Tenho




Por tanto tempo,
eu quis ter tanto,
Tempo!
que não tenho tanto,
Tanto, que o tempo
Nao tenha,
nem tempo, no entanto!

A Descoberta

Eras o amigo, o amante, o amor;
E eu, o anjo doce, vaporoso...
Uma combinação de almas, seja o que for,
A química do líquido, sólido, gasoso.

A nossa insígnia era uma fórmula,
O encontro não cronológico,
Sintonia fina, essência cósmica,
Uma desígnia, de carma astrológico.

Uma Odisséia de telas e mitos,
A descoberta do que não tem preço,
A fantasia incendiava o rito,
O êxtase do gozo em excesso!

Encontro

Sozinhos num dia cheio,
eu e você nos perdemos,
são os tempos que queremos,
e o encontro ficou no meio.

Eu, do lado de cá, te miro,
Você, do lado de lá, me pensa,
Eu, desse lado do rio, me viro,
Você, do outro lado da margem, compensa!

O que nos salva?
...mensagens, idéias e prazeres,
Ah! Se não fosse a tecnologia,
eu, você e outros seres!